Dólar: valor alto é bom ou ruim?

Dólar: valor alto é bom ou ruim?

Uma dúvida que atinge muitos brasileiros é em relação ao valor do dólar, principalmente os leigos no assunto ficam sem entender: afinal, é bom ou ruim o real desvalorizado frente ao dólar?

Bem, para responder essa questão, vamos elencar alguns exemplos de quais setores sentem mais os reflexos do dólar alto, e como há pontos positivos e negativos nessa realidade.

Dólar alto e os pontos negativos para os brasileiros


Um dos principais reflexos, e que a maioria das pessoas já sentem no comércio e setor de serviços, é o poder de compra reduzido. Podemos citar as viagens para o exterior, que estão muito mais caras. Assim como as compras que muitas pessoas planejam fazer fora do país em sites de compras internacionais. O dólar mais alto reduz o poder de compra de uma forma geral, aumenta o preço dos importados, seja o que se compra aqui ou o que se compra fora.

E essa ressalva sobre o que é comprado aqui no Brasil é importante, porque muito do que consumimos é suscetível a flutuações do câmbio. Um exemplo é a gasolina. Há alguns anos, a Petrobras mudou sua política de preços para combustíveis e tem repassado reajustes mais frequentes às distribuidoras, e consequentemente aos postos, por causa da variação do preço internacional do petróleo, que é negociado em dólar.

Você já deve ter notado que o preço de alguns produtos do ramo da tecnologia também dispararam, como alguns modelos de smartphones, notebooks, peças e acessórios de forma geral no setor da informática.

Outro exemplo é o trigo, o Brasil não é autossuficiente na produção deste produto que é utilizado em toneladas todos os dias para fabricação desde o pãozinho na padaria, até a produção em escala da indústria como biscoitos, pães, massas, entre outros.

Dólar alto e o risco de alta da inflação


É imprevisível cravar quanto tempo o dólar acima dos 5 reais vai durar, porque a escalada da moeda americana responde a uma série de fatores internos e externos. Mas, um sinal de alerta que aparece é o risco de alta da inflação. Como atualmente a nossa taxa está muito baixa, o impacto deve ser menor. 

O preço da gasolina, por exemplo, pode pressionar o resultado da inflação pontualmente. O problema é caso a alta no câmbio persista. Hoje esse efeito é pequeno, porque, com a economia mais parada, as empresas não repassam de maneira mais significativa o aumento do custo das matérias-primas para o preço final. Se a economia retomar ao auge das atividades, aí podemos ter um problema de efeito de câmbio na inflação. 

É preciso estar atento ao comportamento do Banco Central. Se o dólar ficar em patamar elevado por muito tempo, mesmo que tenha um nível de atividade mais baixo, pode bater na inflação e vai influenciar bastante a nossa realidade.

Dívidas em dólar


Esse é um ponto que afeta principalmente as empresas que possuem dívidas em dólar, mas geram receitas em real. Para essas empresas, um fator muito importante é o endividamento em dólar. É uma questão chave e que pode afetá-las muito negativamente, já que terão que gerar mais receita para cumprir os compromissos.

Pontos positivos da alta da moeda americana


Um dos principais pontos positivos quando falamos de dólar mais valorizado que o real é o estímulo às exportações. A alteração no câmbio tem um efeito de estímulo às exportações que tende a ser mais positivo do que negativo, por exemplo, no caso da exportação de carnes e grãos.

A China vem enfrentando um problema de peste suína, o que a levou a comprar mais carne bovina do Brasil. É positivo, porque vamos exportar mais e com o dólar mais alto recebemos um volume maior em dinheiro.

O mesmo acontece com o arroz, produtores optaram por exportar o produto devido ao valor do dólar, para faturar mais pelo produto. O que fez o preço no mercado subir, aliado ao fato de ser entressafra do cereal, e o aumento da compra de alimentos por parte da população devido ao auxílio emergencial. No caso do arroz, o dólar, sozinho, não é o vilão. 



No entanto, esse quadro não se aplica a todas as exportações nacionais. Um exemplo é a soja. O principal comprador do grão brasileiro é a China. Mas, em meio à guerra comercial com os Estados Unidos, os chineses passaram a importar mais soja dos americanos do que a nacional.

Moeda americana em alta estimula consumo interno 


Com as importações estando mais caras, por causa da alta do dólar, fica difícil para o consumidor brasileiro não comprar o produto nacional, e isso é positivo para alguns setores industriais. Aumentamos o consumo do que é nosso, produzido aqui.

Podemos citar o setor de vestuário e calçados, que sofre forte concorrência dos importados chineses. Com o dólar mais alto, os preços desses produtos, que antes eram acessíveis, ficaram semelhantes aos preços dos produtos nacionais que, na maioria das vezes, é de qualidade superior aos produtos chineses.

O que faz com que a população opte pela qualidade e compre o produto brasileiro, já que a diferença de preços não justifica uma compra de um produto inferior importado.

O que esperar do futuro?


Se esse nível mais depreciado do câmbio é mantido, acaba estimulando a indústria do Brasil. A depender do tempo, se tivermos apreciação ou depreciação, é possível mudar a estrutura produtiva.

Pelo visto, por ora é melhor adiar aquela viagem para o exterior para um momento em que o dólar não estiver tão caro. Adiar a compra daquele equipamento importante, que você tanto queria, seja roupas, acessórios ou aparelhos eletrônicos.

Enquanto isso, vamos torcendo para que a escalada da moeda americana se estabilize e para que o país saia ganhando nesse cenário. Quanto ao futuro, nos resta esperar os próximos capítulos, ainda há muitas novidades por vir no mercado, como a reação das economias globais frente ao enfrentamento da pandemia (o gradual retorno à normalidade), as eleições americanas, e muitos outros fatores.

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