Dados da discriminação nas seleções do RH

Dados da discriminação nas seleções do RH

Casos de preconceito costumam ser registrados com frequência na sociedade. Alguns, inclusive, têm ganhado destaque na mídia. As empresas buscam, cada vez mais, evitar a discriminação por parte de seus colaboradores. Oferecendo treinamentos e tentando mudar alguns preconceitos enraizados. Em muitos casos, o preconceito acontece sem que o próprio colaborador se dê conta que cometeu um ato discriminatório, outras vezes não…

Atualmente para haver uma contratação, algumas empresas fazem uma verdadeira “investigação” sobre os candidatos. É cada dia mais frequente o hábito das empresas de vasculhar as redes sociais em busca de dados dos candidatos a emprego. Não há nada de ilegal nessas pesquisas porque esses dados foram postados ali pelo próprio candidato e se presumem verdadeiros. Na maioria das vezes o candidato nem fica sabendo por que não obteve o emprego e as justificativas para a recusa são sempre técnicas. 

O que a empresa não pode fazer é pesquisar os cadastros de proteção ao crédito, por exemplo, e recusar o candidato porque está negativado. A empresa também não pode bisbilhotar os dados sensíveis do candidato ao emprego, nem fazer uso dele para qualquer fim.

Dados reforçam preconceito e discriminação na sociedade


Uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) realizada em escolas públicas de todo o país, baseada em entrevistas com mais de 18,5 mil alunos, pais e mães, diretores, professores e funcionários, revelou que 99,3% dessas pessoas demonstram algum tipo de preconceito étnico-racial, socioeconômico, com relação a portadores de necessidades especiais, gênero, geração, orientação sexual ou territorial, um dado que é bastante significativo.

Não é de estranhar que esse alto índice de preconceito aflore também no momento da entrevista de emprego. Em um país como o Brasil, multifacetário e miscigenado, o respeito à diversidade deveria ser assunto constante da sociedade e de qualquer conversa, grupo ou instituição. Com a empresa não é diferente.

Discriminação pode arranhar profundamente a imagem das empresas


A discriminação durante uma entrevista de emprego, ou até mesmo por parte de um colaborador já contratado, é um erro bastante comum nos estabelecimentos e que pode custar à empresa pesadas indenizações e prejuízos desnecessários à sua imagem corporativa. Entre as mais comuns, podemos citar a discriminação por sexo, gênero, cor, origem, idade, formação cultural, raça, situação familiar, nacionalidade, etnia, defeitos físicos, modo de se vestir ou de falar.

Para quem se sentiu lesado ou ofendido, sendo vítima de preconceito, existem diversas leis sobre o tema e a própria Constituição Federal proíbe a discriminação de empregados ou de candidatos a emprego por qualquer desses requisitos. O racismo, por exemplo, é crime inafiançável e imprescritível (CF/88, art.5°, XLI e XLII).

Nem todo candidato se encaixa na vaga


Só é lícita a recusa de um candidato ao emprego quando lhe faltar um requisito objetivo ligado diretamente à função ou cargo pretendidos e sem o qual será tecnicamente impossível a execução do trabalho pretendido. Todas as particularidades e exigências técnicas do cargo devem estar previstas e informadas previamente nos editais ou anúncios de vagas. A Justiça do Trabalho presume discriminatória a recusa de um candidato ao emprego se o motivo da recusa não tiver relação com as exigências técnicas da função.

Assim, em princípio, não é discriminatória a recusa de um candidato que tem medo de altura, se a função a ser ocupada exige a execução de serviços em grandes estruturas, como o polimento de vidros externos dos edifícios nas grandes cidades, por exemplo. Outro exemplo: não é discriminatória a recusa de emprego em um petshop ou numa clínica veterinária a um candidato que tenha medo de animais ou alergia a pelos.

Principais preconceitos no recrutamento e seleção


Os profissionais de Recrutamento e Seleção têm uma responsabilidade muito grande tanto com a empresa quanto com os candidatos a vagas. O machismo é um dos preconceitos que são facilmente visíveis nas empresas. Segundo um estudo de 2016 do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a presença de mulheres no quadro funcional é de apenas 35,5%. Na categoria de gerentes, o número cai para 31,3% e, nos altos quadros executivos, para 13,6%. Atualmente o quadro melhorou um pouco, mas ainda há grande desigualdade em relação às oportunidades oferecidas entre as mulheres e os homens. 



Além disso, o racismo estrutural fica óbvio nos números que dizem respeito à representação da população negra no mercado de trabalho. Menos de 5% dos cargos do alto escalão das 500 maiores empresas brasileiras é ocupado por pessoas negras. No quadro funcional, o preconceito e a discriminação no recrutamento e seleção continuam. A presença de profissionais negros é de 35,7% (enquanto a de brancos compõem 62,8%), no cargo de supervisores, a representatividade é de apenas 25,9% e, entre os gerentes, de 6,3%.

Preconceito no recrutamento e seleção podem atingir também as pessoas de outros gêneros sexuais (LGBTQ+) ou com deficiências físicas. É preciso manter em mente, antes de qualquer coisa, que se está lidando com seres humanos.

Como mudar essa realidade?


As empresas devem começar a trabalhar o tema com seus colaboradores com treinamentos e cursos antes que algo relevante possa acontecer e comprometer a imagem do estabelecimento. A rede de supermercados Carrefour, por exemplo, paga um alto preço por ter maltratado um cãozinho em suas dependências e, recentemente, seguranças terceirizados mataram um cliente negro dentro de uma das lojas da rede. O que agravou ainda mais a crise de imagem na rede supermercadista.

É preciso que todos tenham em mente que é fundamental começar a estudar como amenizar situações em que podemos ser preconceituosos ou que tentamos diminuir o outro, mesmo que sem intenção.

Uma cultura que aos poucos terá que ser mudada nas empresas, onde todos os colaboradores, independentemente quem sejam, terão que ter as mesmas oportunidades. Não porque é “moda”, ou é algo para “melhorar a imagem” da empresa, mas porque é obrigação de cada estabelecimento de promover oportunidades para todos.

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